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Princípio para o bom uso das "novas tecnologias" (para Pais e filhos)

Por Isabella Barbosa
       
        O contato das novas gerações com os ambientes tecnológicos se dá cada vez mais cedo e com cada vez mais intensidade. Ao ser questionada sobre a relevância do celular em sua vida, uma adolescente respondeu: “Pra mim, é outro órgão”. Resposta semelhante certamente seria dada por inúmeros deles e até mesmo por crianças ou pessoas de mais idade, tamanha a dependência desse tipo de dispositivo. Diante dessa realidade, é importante que façamos algumas perguntas e tentemos encontrar as respostas: a tecnologia é um bem, de fato? Realmente somos dependentes dela? O uso pode ser ilimitado? Bem, algumas ponderações nos ajudarão na elaboração de respostas possíveis.
       Primeiro, a tecnologia não é algo novo e o termo denuncia isso. Advindo de téchne, técnica, remete ao conjunto de procedimentos, métodos ou processos de manipulação de artefatos ou comportamentos com o fim de obter resultado útil[1]. Portanto, sempre fabricamos e usamos tecnologia, ela esteve presente na história do homem, auxiliando-o em seu desenvolvimento. Mas, o que há de novo que gera tamanho encanto? É possível pensar que a grande mudança está nas características dessas “novas tecnologias”. Elas constituem novo e privilegiado espaço de comunicação, de acesso à informação, de trabalho, de lazer, de movimentação, marcado por descontinuidade, desterritorialização, mobilidade, praticidade e virtualização[2]. Constituem, portanto, uma fantástica construção humana.
       Isso posto, já se delineia diante de nós a reposta à segunda questão proposta, que trata da necessidade de que temos dela. Indiscutivelmente, a vida contemporânea seria impensável se houvesse uma pane geral e não pudéssemos mais dispor da internet ou se nos fosse dito que computadores, celulares, tablets e smartphones oferecem algum dano sério à saúde e precisássemos abrir mão desses artefatos. Nos acostumamos à rapidez, à comodidade, às conexões, às dinâmicas, às relações que proporcionam. Em todas as áreas de nossa vida, vemos as contribuições do acesso às tecnologias da informação e da comunicação, inegavelmente.
       Duas questões respondidas, resta a terceira: o uso pode ser ilimitado? Bem, um olhar mais atento, mais criterioso para o contexto descobrirá que não. Existem inúmeros problemas de ordem social, psicológica e física atribuídos ao uso indiscriminado desses recursos, tais como: sedentarismo; irritabilidade; dificuldade para desenvolver interações pessoais; comprometimento da capacidade de análise não verbal, numa conversação, por exemplo;  insônia; dificuldade de concentração; inflamações nas articulações das mãos, entre outras tantas até mais graves, como aumento das chances de desenvolvimento de certo tipo de câncer devido à grande  exposição da radiação emitida pelo celular[3]. Além disso, situações cotidianas denunciam e confirmam a necessidade de controle. O que dizer, por exemplo, de postagens indevidas que expõem intimidades e geram, no mínimo, enorme constrangimento? Ou o que dizer de encontros entre amigos em que se passa mais tempo digitando e lendo mensagens que em conversa? E de famílias que se sentam à mesa e quase nenhuma palavra é dita, pois todos estão ocupados, conectados? Muitos estão juntos, presentes, mas desligados uns dos outros, uma ausência velada. É preciso, então, que sejam encontrados caminhos para lidarmos com esse contexto sociotécnico sem que gere danos à saúde ou, pelo menos, para diminuirmos o impacto negativo.
        O modus vivendi inaugurado pela imersão nesse universo, suscita cuidados especiais, seja qual for o nível etário, e isso nos remete a uma palavra de grande relevância, mas pouco querida por muitos: LIMITE. A despeito de todas as facilidades que esse apetrechamento tecnológico nos proporciona, a moderação é um imperativo, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes, mais suscetíveis ao uso desmedido e às suas consequências. É preciso prudência quanto ao tempo e lugares de acesso, quanto ao nível de dependência desses artefatos. E se o limite não é auto imposto, deve entrar em cena o papel autoritativo de pais, mães, responsáveis em geral, orientando, justificando, demarcando, deixando claro que essas ações são expressão de cuidado, de amor. Quem ama, cuida! No entanto, esse processo pode ser fragilizado diante da falta de exemplo. Se o adulto mostra o caminho pelo qual é oportuno seguir, mas nele não anda, sendo ele mesmo vítima da tecnologização da vida, certamente terá muito mais dificuldade em conseguir a adesão necessária. Portanto, tão imperioso quanto dizer: “faça o que eu digo”, é, sendo bom exemplo, poder dizer: “faça o que eu faço”. Eis uma “fórmula” que gera maravilhosas e privilegiadas conexões.


[1] APPOLINÁRIO, Fabio. Dicionário de Metodologia Científica:  um guia para produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2004.
[2] LEMOS, André; LÉVY, Pierre. O futuro da internet. São Paulo: Paulus, 2010.
[3]NERY, Priscilla. Uso excessivo do computador faz mal aos olhos. Disponível em:<http://maisequilibrio.terra. com.br/uso-excessivo-do-computador-faz-mal-aos-olhos-5-1-4-382.html>. Acesso em: 15 ago. 2013.

 REBOUÇAS,  Fernando. Câncer causado por celular. Disponível em:<http://www.infoescola.com/cancer/cancer-causado-por-celular/ >. Acesso em: 15 ago. 2013.

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