Eis que o pregador saiu a semear... A necessidade de “ser visto pelos homens” na sociedade do espetáculo
Por Isabella Barbosa Um certo pregador reuniu algumas ovelhas para evangelizar. Em um bairro qualquer, foram de casa em casa, entregaram folhetos, fizeram orações por alguns transeuntes e, num dado momento, ele chamou uns meninos que estavam por perto para tirar uma foto. Sorriu, abraçou-os, aguardou um pouco ali, no meio deles e, após uns clicks , mandou-os sair: “Agora vocês podem ir embora”, sem aquele sorriso da foto. Em instantes, a foto estava nas redes sociais, com a legenda PREGANDO A PALAVRA DO SENHOR AOS MAIS CARENTES. É possível que essa narrativa seja ficção. Uso-a aqui para tratar de uma realidade cada vez mais comum em nossos dias: pelo post, tudo vale a pena! Vivemos na “sociedade do espetáculo”, em que se “prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser” [1] . Segundo Guy Debord, “o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”. Imagens são um tesouro ...