Vou tentar tecer este texto esquivando-me do discurso religioso, a fim de que fique claro que não se trata de religião, mas de cidadania. Ele é fruto do juízo de alguém que tem pasmado diante das incongruências com as quais tem se deparado. Assistimos à crescente popularidade de uma música, ou simulacro de música, intitulada "DEU ONDA". Dentre outras pérolas, ela diz "Não preciso mais beber nem fumar maconha, que a sua presença me deu onda". Mas, o mais chocante são as expressões "Que vontade de fuder, garota" e, mais ainda, a degradante frase "Meu PAU te ama". A música nasce com essas famigeradas frases que foram, a posteriori, alteradas para "Que vontade de te ver, garota" e "O PAI te ama", a fim de soar menos impactante e, portanto, aceitável. Essa aceitação é corroborada, por exemplo, no fato de ter sido celebrada recentemente em um programa matutino diário, cuja apresentadora foi...
"A palavra é meu domínio sobre o mundo" (Clarice Lispector). Assim, sirvo-me dela à vontade.