Isabella Barbosa
Era uma vez uma vila ou uma cidade ou um povoado ou uma
metrópole. Era uma vez o povo desse lugar indeterminado, porque todos
eles são possíveis. Era uma vez um desejo, um desejo que esteve nas almas, contido, pela
palavra do rei do lugar, que dizia: “Se derdes vazão ao desejo, ele será contra
vós”. Durante muito tempo, o desejo cedeu lugar à palavra do rei e nela se
acreditava e a ela obedecia-se. Mas, num dia como noutro qualquer, disseram do
rei: “Quem o pôs rei sobre nós? O que é isso que se chama reino? Por que temos
que ouvir sua voz?”. Essas perguntas ecoaram, ganharam volume e, com o tempo, transformaram-se
em afirmações: “Não há rei. O reino não existe. Não há voz alheia a nos guiar.”
E, então, lembraram do desejo. Ah, o desejo. “Não há quem o contenha, o que nos
impede de ceder?” E, de repente, o desejo de cada um tornou-se a lei de cada
um. Já não havia limites, já não havia fronteiras, já não havia freios. O
desejo era o senhor de todos. E o que restou? Restou a crueldade, restou o
caos, restou a barbárie, porque o desejo de cada um era a voz que os guiava e
este não conhecia mais limites. E o rei? O rei continuou no trono, assistindo à
derrocada dos homens guiados pelo desejo na sua imensidade. E os que afirmaram não
ser ele mais rei, pois um rei não existe senão em razão de seu governo, não
perceberam que o desejo do desejo foi permitido pelo rei, como prova aos homens
de que, sem a sua voz, estão perdidos!
(...) porquanto
trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram objetos e seres criados, em
lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém! E, por
essa razão, Deus os entregou a paixões... (Romanos 1.26)
Texto excelente para ilustrar o verso bíblico!
ResponderExcluirMas como agustia saber que no meio dessa vila, povoado, cidade ou metrópole certamente estarão sofrendo, sufocados e perceguidos, aqueles que decidirem continuar obedecendo ao rei.