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Desafios à profissão docente I – A questão do limite (Por Isabella Barbosa)

É certo que o professor é um eterno aprendente e quando se sente pronto, sabendo tudo, está, no mínimo, no caminho contrário ao da sabedoria. Algumas situações nos desafiam à reflexão, a (re)construções, à busca de novas respostas, portanto, à aprendizagem. Por vezes nos deparamos com novas turmas, novos estudantes que representam um desses desafios. E é como desafios que precisam ser enxergados, para que suscitem esforços na busca por respostas e não rótulos e/ou veredictos. Diante de um desses desafios e procedendo a tal reflexão, percebi algumas características básicas, que provavelmente perpassam muitas outras turmas. Uma delas é a questão da necessidade de limite.
Limite é deixar claro até onde se pode ir. Sabemos que muito da agitação, da “agonia” de crianças e adolescentes é fruto da falta de limites. Certamente a responsabilidade por essa situação não se restringe apenas à vida escolar, mas é dividida com os pais/responsáveis. Cada vez mais ocupados e distantes, muitos se sentem constrangidos pela ausência e não se vêem na condição de impor limites ou não têm autoridade para tal, pois abriram mão dela durante o percurso da relação com os filhos. No entanto, a escola, o professor podem contribuir para minimizar o problema.
Há diferentes maneiras para lidar com o problema. Uma delas é a elaboração de um código de convivência, elaborado a partir de conversas sobre o que podem e o que não podem e o porquê. É preciso refletir com eles sobre a relevância dos limites e elaborar em conjunto normas que definirão tais limites, muitas das quais já estão imbuídas na dinâmica escolar e só precisam ser explicitadas. No entanto, é imprescindível que se analise a relevância de cada uma para que não sejam estabelecidas regras que se esvaziam diante de uma análise mais cuidadosa de seu valor. É importante, nesse processo, que estejam à vista dos estudantes e sejam mencionadas sempre que necessário fazendo-os lembrar do que foi combinado. Na sequência, é fundamental que todos - professores, coordenação, direção, demais funcionários envolvidos - zelem pelo cumprimento do que foi pensado, pois do contrário, há fragilização do processo. 
Outra questão é que o professor jamais pode abrir mão de sua posição de autoridade, jamais deve se colocar, em um momento de tensão, de igual para igual, como se voltasse à adolescência e falasse ao(s) adolescente(s) e/ou criança(s) que tem diante de si. Por outro lado, não pode confundir autoridade com autoritarismo. A autoridade legitimada é a que é percebida pelo outro, não imposta ao outro pela coerção. Essa posição, conforme Almeida e Placco (2010, p. 27), “está relacionada com o sentimento de respeito, que se constrói nas relações entre as pessoas e se constitui de duas maneiras distintas: como resultado da hierarquização nas relações sociais e como resultado do prestígio ou competência”. Assim, é possível afirmar que ela depende do investimento em valores como respeito, responsabilidade, admiração e autonomia, o que se manifesta e é sedimentado no âmago dessas relações.
     Na construção da escola como espaço de convivência harmônica, é preciso considerar que não se trata de lidar com o aluno para que se acomode e deixe a dinâmica escolar acontecer, mas se trata de educar o homem para que, no processo de humanização, seja capaz de contribuir positivamente consigo e com os demais sujeitos, percebidos por ele como seus iguais. Portanto, a afetividade, a atenção genuína, o importar-se, o cuidar, o esforço para o desenvolvimento do outro são alguns dos caminhos privilegiados para essa construção. 


REFERÊNCIA
ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (Org.). O coordenador pedagógico e questões da contemporaneidade. São Paulo: Loyola, 2010.

Comentários

  1. Amei!
    Tá cheio de conceitos de psicologia em seu texto; muito rico. Parabéns.

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